Um dia desses, eu estava ouvindo uma rádio evangélica bastante conhecida, que tem uma programação tradicional, quando começou a pregação de um determinado pastor.
Conforme ele falava, podia-se perceber que se tratava de uma mensagem gravada há cerca de 15 anos atrás.
Por quê?
Explico melhor...
Por quê?
Explico melhor...
Foi muito interessante ouvir uma pregação antiga, que permitiu - digamos assim - ouvir bem mais do que estava sendo dito.
Obviamente, o pastor em questão pretendia transmitir uma mensagem bíblica, mas o que gritou aos ouvidos foi uma ladainha sobre a situação social e política da sua época.
Chega-se a esta conclusão quando se contextualiza a sua retórica e os exemplos e ilustrações utilizados, que permitiam datá-la do começo dos anos 2000.
Também foi inevitável concluir que o excesso de referências sociais, econômicas e políticas que lhe eram contemporâneas "afogou", por assim dizer, a mensagem bíblica num mar de argumentos "mundanos" e "ideológicos".
A pregação antiga ouvida hoje soa (com o perdão do leitor) inútil, inócua e despropositada.
Talvez até tivesse a sua razão de ser no começo do século XXI, mas o que chama a atenção é o excesso do apelo sensacionalista ao seu (então) contexto quando se supõe que a mensagem bíblica deva (ou deveria) ser para todos os públicos e todas as eras.
Não é difícil imaginar, portanto, que o mesmo fenômeno esteja ocorrendo hoje em dia: o conflito entre a visão de mundo conturbada e peculiar do pregador e a verdade eterna e simples do evangelho.
Tudo indica que a tal visão de mundo está ganhando de goleada...
(ainda não conseguimos descontextualizar aquele 7x1)
O veredito caberá ao ouvinte do futuro.
Precisamos mesmo aguardar até lá?