sexta-feira, 31 de julho de 2009

O lugar secreto da alegria

Leitura bíblica: Mateus 6:18; Tiago 1:1-9

Versículo-chave: “E teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:18)

Meditação: Os judeus eram obrigados a jejuar no dia de Yom Kipur e de Rosh Hashanah. Os fariseus iam além, jejuando na segunda e na terça-feira, dias em que acreditavam ter Moisés subido ao monte Sinai e dele descido. O propósito original do jejum era autonegação e uma comunhão mais profunda com Deus. Para muitos fariseus, porém, tornou-se uma demonstração externa de piedade e santidade. Ao perder-se o propósito do jejum, teve início uma piedade falsa. A comunhão com Deus era apresentada como algo triste, infeliz. Muitos consideram assim a religião. Daí ser tão importante demonstrar no rosto o que vai no coração. A nota dominante do Cristianismo é a alegria, uma expressão externa da experiência interior da graça de Deus na nova voragem de dificuldade.

Observe a progressão magnífica do pensamento de Tiago. As provações provam a nossa fé e produzem perseverança que nos desenvolve em direção a novo alvo. O propósito de Deus para a nossa vida é que sejamos perfeitos e completos, o que significa atingirmos a nossa razão de ser: glorificar a Deus e desfrutar dele para sempre. Mas chegamos a esse ponto somente à medida que as dificuldades da vida nos lançam de volta à dependência absoluta de Cristo. Confiando nele, aprendemos que ele é totalmente confiável. Nossa fé cresce e se firma. Seu amor produz paciência e perseverança. Não somos levados pela vida. O importante já não é o que a vida nos faz, mas o que fazemos à vida; não o que nos acontece, mas o que fazemos acontecer por causa da nossa fé.

Pensamento do dia: Agradeça ao Senhor as dificuldades que possibilitam a você descobrir a alegria da comunhão com ele.

(Lloyd John Ogilvie, em “O que Deus tem de melhor para a minha vida”, Ed. Vida, meditação de 31 de julho)

domingo, 19 de julho de 2009

A noção do divino controle

“Quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7:7-11)

Jesus estabelece as regras de conduta para aqueles que têm o seu Espírito. Com o simples argumento desses versículos, ele nos incentiva a estar sempre pensando no controle de Deus sobre todas as coisas, o que significa que o discípulo deve manter tanto uma atitude de perfeita confiança quanto o anseio de pedir e de buscar.

Programemos nossa mente com o conceito de que Deus está presente. Depois que a mente se conscientiza dessa verdade, quando estivermos em dificuldades, tão fácil quanto respirar será pensar assim: “Ora, meu Pai está vendo tudo!”. Isso não exigirá nenhum esforço; acontecerá naturalmente quando sobrevierem problemas. Antes o natural era procurar uma pessoa ou outra; agora, porém, a noção do divino controle começa a se formar com grande intensidade em nós que buscamos uma solução de Deus para tudo. Jesus estabelece as regras de conduta para aqueles que têm o seu Espírito, e o princípio básico é: Deus é meu Pai; ele me ama; nenhum detalhe de minha vida que eu possa imaginar será esquecido por ele; por que então preocupar-me?

Há ocasiões, diz Jesus, em que Deus não pode remover de nossa vida as trevas; mas confiemos nele. Deus parecerá ser um amigo insensível, mas não o é; parecerá ser um Pai anormal, mas não o é; parecerá ser um juiz injusto, mas não o é. Mantenhamos cada vez mais forte a convicção de que em tudo há o desígnio de Deus. Nada acontece, nem situação nenhuma, sem que a vontade de Deus o determine; portanto podemos descansar em perfeita confiança nele. Orar não é apenas pedir, mas é uma atitude de coração que produz o clima no qual pedir é perfeitamente natural. “Pedi, e dar-se-vos-á.”

(Oswald Chambers, “Tudo para Ele”, Ed. Betânia, meditação de 16 de julho)

domingo, 12 de julho de 2009

Controle a sua ponte levadiça

Você deve por você mesmo decidir a quem e quando permitir acesso à sua vida interior. Durante anos, você consentiu que, de acordo com sues desejos e necessidades, outros entrassem e saíssem da sua vida. Assim, você não era mais o dono em sua própria casa e sentiu-se progressivamente usado. Desse modo, também, rapidamente se cansou e tornou-se irritado, zangado e ressentido.

Pense num castelo medieval cercado por uma vala. A ponte levadiça é o único acesso ao interior do castelo. O senhor do castelo tem o poder de decidir quando levantá-la e quando abaixá-la. Sem tal poder, pode tornar-se vítima de inimigos, estranhos e viandantes, nunca se sentirá em paz no seu próprio castelo.

É importante para você controlar a sua própria ponte levadiça. É preciso haver ocasiões em que mantenha a ponte levantada e tenha a oportunidade de estar só ou somente com aqueles de quem se sinta próximo. Nunca concorde em se tornar propriedade pública, onde qualquer pessoa possa entrar e sair a seu bel-prazer. Você pode pensar que está sendo generoso permitindo o acesso a qualquer pessoa que queira entrar ou sair, mas vai logo perceber que está perdendo a sua alma.

Quando atribuir a você mesmo o poder sobre a sua ponte levadiça, irá descobrir nova alegria e paz em seu coração e irá verificar que é capaz de partilhar essa alegria e paz com outros.

(Henri J. Nouwen, em “A Voz Íntima do Amor”, Paulinas, 2001, p. 86)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Mansidão flexível

Leitura bíblica: 1 Coríntios 2:1-16; Tiago 3:13-18

Versículo-chave: A sabedoria, porém, lá do alto, é primeiramente pura; depois pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. (Tiago 3:17)

Meditação: Sabedoria é dom especial do Espírito Santo. Observe que sabedoria, Espírito Santo e mente de Cristo são termos usados quase como sinônimos nesta passagem. Todos fazem parte da mesma experiência. Podemos receber o poder de compreender as coisas profundas da natureza, propósito e plano de Deus. Temos direção, visão e discernimento porque o Espírito Santo leva a compreensão humana ao seu ponto máximo. Ele invade os tecidos do cérebro, levando-nos a pensar os seus pensamentos, enche nossas emoções com seu amor, libertando-nos para conhecer e realizar a sua vontade. Os crentes cheios do Espírito estão livres para ser canais do Deus vivente.

Mansidão é modelação. É uma liberdade dinâmica, firmada na graça divina, que transborda em amor para com a própria pessoa, a despeito dos seus problemas, e, a seguir, para com os outros assim como são. Mansidão é uma espécie de entrega a Deus, o Oleiro da vida, pedindo-lhe que nos dê direção e aplique, em nós, sua mão modeladora.

Nesta luz, só os mansos podem receber sabedoria. Só eles são abertos, flexíveis e livres o suficiente para receber o que Deus tem para dar. A maioria de nós está tão cheia de idéias do que achamos ser melhor para nós e para as pessoas a quem amamos, que é difícil Deus nos atingir. Estamos correndo em todas as direções tentando aplicar nossas soluções alternativas. Deus tem muito mais a dar do que jamais poderemos receber. Manquejamos nas respostas incompletas, na perspicácia distorcida e na monotonia da vida porque não possuímos a mansidão da flexibilidade. O Senhor de toda a criação deseja guiar-nos em sabedoria, mas não paramos o tempo suficiente para ouvir a sua voz. É esta a situação da vida do leitor?

Pensamento do dia: A qualidade absolutamente necessária para encontrarmos a sabedoria é estarmos dispostos a ser moldados.

(“O que Deus tem de melhor para a minha vida”, Lloyd John Ogilvie, Ed. Vida, meditação de 17 de junho)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Alegria via tristeza

“A mulher quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem.”
(João 16:21)


Não estranhe. É uma questão de rota, via de acesso. Não poucas vezes a tristeza antecede e dá à luz a alegria. O preço da alegria cobra-se, quase sempre, em lágrimas. Tanto as suas próprias como as dos outros. Porém uma coisa é certa: a alegria via tristeza não decepciona, não é efêmera, não é superficial. Ela vale mais do que custa.

Não é qualquer tristeza que causa alegria. Foi Paulo quem classificou a tristeza em “tristeza segundo Deus” e “tristeza do mundo”. Talvez poderíamos dizer “tristeza religiosa” e “tristeza secular”. A tristeza segundo Deus, ou tristeza religiosa, tem poder terapêutico porque “produz arrependimento para a salvação que a ninguém traz pesar” (2 Coríntios 7:10). A tristeza do mundo é a tristeza normal, cotidiana, de idas e vindas incertas, freqüentemente tola, imprecisa e de intensidade variável. A tristeza segundo Deus inicia um processo que culmina na expulsão de cousas verdadeiramente espúrias e indesejáveis e conduz o homem ao “caminho eterno”, isto é, ao caminho que de fato leva a bom termo. A tristeza secular apenas machuca, abate e desanima; não diz nada, não constrói nada e acaba por levá-lo à morte.

Há também certos fatos que, na verdade, são motivos de alegria, mas por algum tempo provocam tristeza. A paixão de Jesus encheu os discípulos de lágrimas e confusão, mas era a via certa para inundá-los de uma alegria que ninguém poderia tirar. Há coisas de extraordinário valor que só serão alcançadas via tristeza ou dor. É como o caso da mulher grávida do versículo supracitado. Nem sempre é possível o parto sem dor, o acesso à alegria sem a passagem pela tristeza, o cume sem as encostas.

A tristeza tem ainda a magia de chamar sua atenção para Deus. Não é bem covardia, mas a criação de condições psicológicas que despertarão em você o sentimento religioso, a descoberta de suas limitações, o conhecimento e a certeza do poder e do amor de Deus. Sem ela, você não abriria seus ouvidos e olhos para Ele. A alegria via tristeza é tão certa, que o salmista agradece: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra. Foi-me bom eu ter passado pela aflição para que aprendesse os teus decretos” (Salmo 119:67,71).


(“Devocionais para todas as estações”, Ed. Ultimato, meditação de 30 de abril)