segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Dietrich Bonhoeffer e a "burrice ostentação"

Dietrich Bonhoeffer foi um pastor e teólogo alemão, nascido em 1906, preso por conspirar contra Hitler, e depois enforcado a mando deste em 9 de abril de 1945, um mês antes do conflito acabar.

Ainda livre, chamou a atenção para a estultícia, a tolice, que aos poucos foi se impregnando num povo tido como sábio e desenvolvido, como é o povo alemão, a ponto de resultar na gigantesca tragédia que foi a Segunda Guerra Mundial, onde o mal parece ter chegado ao seu apogeu na humanidade.

Nada muito diferente da atual fase brasileira, onde a mediocridade impera e a burrice é ostentada como uma espécie de trunfo "cala-boca!" da imbecilidade institucionalizada.

No início do seu cativeiro, em 1943, Bonhoeffer escreveu um texto intitulado "Sobre a tolice" (para acessar o texto completo, clique aqui), em que diz o seguinte:
A tolice é um inimigo mais perigoso do bem do que a maldade. Contra o mal se pode protestar, é possível desmascará-lo, pode-se, em caso de necessidade, impedi-lo com o uso da violência. O mal sempre já traz em si o germe da auto-desagregação, pelo fato de deixar ao menos um mal-estar na pessoa. Contra a tolice não temos defesa. Nada se consegue com protestos nem com violência; argumentos não adiantam; a fatos que contradizem o próprio preconceito não se precisa dar crédito – em tais casos o tolo até mesmo se torna crítico – e se esses fatos são incontornáveis, simplesmente se pode pô-los de lado como casos isolados sem significado. Diferentemente do malvado, o tolo está completamente satisfeito consigo mesmo; ele até mesmo se torna perigoso, pois facilmente se sente provocado e passa à agressão. Por isso, recomenda-se mais cautela em relação ao tolo do que ao mau. Nunca mais tentaremos persuadir o tolo com argumentos; é inútil e perigoso. 

         (BONHOEFFER, Dietrich. Resistência e Submissão. Ed. Sinodal, 2003)

Hoje, olhando pelo retrovisor da História, ficamos com a impressão de que Bonhoeffer lutou contra um mal muito visível, fácil de identificar, um monstro com enormes garras, que por muito pouco não ceifou todo um país.

Entretanto, a mesma História ensina que nos esquecemos facilmente de que uma série de pequenas permissões e louvações à estultícia de um "salvador da pátria" fez com que uma imensa tragédia se abatesse sobre toda a humanidade, e não só a Alemanha.

Que o Brasil tenha melhor sorte!



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