quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O pecado da língua

“Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios.”
(Salmo 141:3)

Não é muito diferente dos criminosos aprisionados, nem muito diferente da fera na jaula. Não fora algo sumamente importante, e a Palavra de Deus não emprestaria o enorme relevo de que fato empresta ao cuidado que devemos ter quanto ao uso da língua. Um cuidado semelhante ao da guarda para evitar a fuga dos criminosos ou então ao da proteção contra os dentes das feras.

É temerário qualificar um homem se apenas o ouvimos nos momentos mansos da vida. É geralmente nas horas difíceis que o verdadeiro eu mostra o rosto: quando pisam no nosso calo, quando somos injustiçados ou humilhados ou insultados, nos engarrafamentos do trânsito, quando as crianças fazem pirraça depois de termos tido um dia de trabalho exaustivo. É aí que a cancela se abre, dando passagem a impropérios e verberações descontroladas (e depois de tudo isso sentimo-nos abatidos e profundamente tristes, com a sensação de ter desmanchado com os pés o que vínhamos construindo com as mãos).

Sem dúvida foi por causa do zelo que tinha em relação à santidade requerida por Deus – que ele veria ser arranhada caso caísse no descontrole provocador das palavras raivosas – bem como por antever o peso doloroso do desconforto que vem a reboque do que se diz em tais desabafos, que Davi orou: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios” (Salmo 141:3).

Consciente do exemplo que Deus pede que seus filhos dêem, fez Davi, de outra feita, o propósito de não pecar com a língua, dizendo então: “Porei mordaça à minha boca, enquanto estiver na minha presença o ímpio” (Salmo 39:1).

O pecado da língua é marca registrada do homem em queda. Lamentavelmente os filhos de Deus não escapam dessa condição. Uma vantagem, porém, eles levam: é que o Espírito de Deus habita neles (Romanos 8:9), e se tal homem deixar que o Espírito o domine virá fatalmente como resultado o domínio próprio, que lhe permitirá a superação, entre muitos outros, do mui sério pecado da língua (Gálatas 6:16-26).

(“Devocionais para Todas as Estações”, Ed. Ultimato, meditação de 28 de agosto)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Visão limitada

Leia Jó 38:1-21

“Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.” (1 Coríntios 13:12)

O motorista do barulhento caminhão de lixo tocou a buzina para chamar minha atenção, mas não havia necessidade. Eu podia vê-lo claramente do alto da minha torre de vigilância, na penitenciária. Parte do meu trabalho é controlar o trânsito entre os portões. Eu apontei para trás dele, tentando mostrar o motivo de eu demorar a abrir o portão.

A visão do motorista era limitada, e sua reação foi a de acelerar o motor enquanto proferia palavras que eu estava contente em não conseguir ouvir. Ele não percebia que, enquanto ele via somente a área imediatamente ao lado, eu tinha uma visão total do portão. Eu era capaz de ver o veículo que se aproximava e que poderia sair junto com ele, se nós o esperássemos. Eu gostaria que ele acreditasse que eu sabia o que estava fazendo e fosse paciente, mesmo não compreendendo a razão da demora.

Em nossas vidas, somos freqüentemente como o motorista do caminhão. Não conseguimos ver o todo, apenas as nossas circunstâncias imediatas. Tocamos a buzina, aceleramos o motor e dizemos coisas que não gostaríamos que os outros ouvissem. No entanto, Deus tem uma visão completa de nossas vidas. Talvez pudéssemos ser mais pacientes se nos lembrássemos de que Deus vê a situação como um todo e sabe como nos conduzir em segurança. Talvez, então, pudéssemos esperar pela ação de Deus mesmo quando nós não compreendemos.

Oração: Guardião das nossas vidas, obrigada por nos mostrares o que precisamos saber. Ajuda-nos a confiar a Ti o que não sabemos. Em nome de Jesus oramos. Amém.

Pensamento para o dia: Mesmo quando não compreendemos, podemos confiar em Deus, que tudo sabe. (Virginia Smith – EUA)

Oremos pelos guardas das penitenciárias e pelos presidiários.

(“No Cenáculo”, meditação de 10 de setembro de 2002)