sexta-feira, 1 de junho de 2018

Frutos de justiça



“E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus”
(Filipenses 1:9-11)



É muito triste ver que - hoje em dia -muitos dos que se dizem cristãos têm interesses materiais e desejos de poder que se sobrepõem ao bom evangelho de Cristo, e são coniventes com a profusão de frutos da injustiça, ao contrário do que recomenda o apóstolo Paulo em Filipenses 1:11.

Não se escandalizam com a miséria, não se solidarizam com os que sofrem, não se condoem com os que choram, não estendem a mão a quem precisa de ajuda.

Não praticam a misericórdia...

Aceitam passivamente a injustiça, a miséria e a exploração desumana do homem pelo homem como subprodutos incontornáveis da sociedade em que estão inseridos.

Desta maneira, ser cheio de "frutos de justiça", condição que Paulo caracteriza como sinal identificador do cristão, é algo que não se prega e muito menos se vive.

E esta não é uma "invenção paulina"...

O próprio Salvador, referindo-se àqueles que O seguiriam, fez questão de frisar que "pelos seus frutos os conhecereis..." (Mateus 7:16, 20-21).

A Bíblia na Linguagem de Hoje traduz Filipenses 1:11 da seguinte forma: "A vida de vocês estará cheia das boas qualidades que só Jesus Cristo pode produzir, para a glória e o louvor de Deus", indicando em nota de rodapé que chama de "boas qualidades" o fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22-23).  A Bíblia de Estudo Wiersbe (NVI) explica o versículo da seguinte maneira:
"A diferença entre frutos espirituais e 'atividades religiosas' é que os primeiros trazem glória a Jesus Cristo.
Toda vez que fazemos alguma coisa com a nossa força, temos a tendência de nos vangloriar dela.
Os verdadeiros frutos espirituais são tão bonitos e maravilhosos que ninguém pode reivindicar o crédito por eles; a glória deve ir somente para Deus"
Uma imersão no texto bíblico permite concluir, entretanto, que "fruto de justiça" seja traduzido exatamente pelo que ele significa à primeira vista: obras de justiça, ou seja, a situação de quem se indigna com a injustiça e trabalha para vencê-la e superá-la na prática do dia-a-dia.

Tiago, em seu estilo direto de pregar sem meias-palavras, ensina que “Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça para os que promovem a paz” (Tiago 3:18 - ARA), cujo trecho final a versão ARC traduz "para os que exercitam a paz".

No Velho Testamento, a referência a "frutos de justiça" não é diferente.

Amós, o profeta conhecido por sua crítica feroz da injustiça social que assolava a sociedade israelita de sua época (século VIII a.C.), questiona: “Porventura correrão cavalos sobre rocha? Lavrar-se-á nela com bois? Mas vós haveis tornado o juízo em fel, e o fruto da justiça em alosna;” (Amós 6:12 - ARC), cuja frase final a NVI verte por "Mas vocês transformaram o direito em veneno, e o fruto da justiça em amargura".

Vale muito a pena ler o capítulo 32 de Isaías na íntegra.

Perceba que, neste capítulo messiânico, não se "romantiza" a miséria, o grande profeta faz uma forte crítica social e diz a partir do versículo 15:
até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta.
A justiça habitará no deserto, e a retidão viverá no campo fértil.
O fruto da justiça será paz; o resultado da justiça será tranqüilidade e confiança para sempre.
(Isaías 32:15-17)
É de se estranhar, portanto, que os cristãos do século XXI tenham uma visão pasteurizada da sociedade em que vivem e não ajam efetivamente para combater a miséria não só espiritual dos seus concidadãos.

Orientação e exemplos para tanto não lhes faltam...



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